O “Canhão” de Cotinguiba
A estátua de “Charuto” foi erguida na sede do clube, próximo ao parque de piscinas. (Foto: Arquivo do clube)
Antônio Nascimento Rodrigues, o “Charuto”, foi um dos jogadores que atuaram no futebol sergipano, que mais se destacou em toda a história. Não era nenhum craque, estava muito longe disso, mas era dono de um chute fortíssimo, um verdadeiro “canhão” como diziam à época, só comparado a “Hércules”, jogador do Fluminense, nas décadas de 1940 e 1950.
Ele vestiu a camisa do Cotinguiba, nos tempos românticos do futebol, quando os jogadores tinham amor aos clubes que defendiam. “Charuto” foi um desses abnegados que quase nada recebeu em troca do muito que deu ao clube, pelo qual foi campeão nas temporadas de 1952 e 1957.
“Charuto” chegou ao Cotinguiba em 13 de agosto de 1945 e ficou por lá até o início da década de 1960, passando quase toda a sua carreira no clube onde foi por várias vezes artilheiro.
A fama de ter um canhão nos pés era fator de terror às defesas adversárias, que tinham um medo horrível, verdadeiro pavor de fazer barreira quando ele ia bater alguma falta. E quando “carimbava” um jogador, este tinha que sair de campo para ser atendido tanto pelo massagista quanto pelo médico. Quando pegava bem na bola, quase sempre era gol. Chute forte e certeiro.
Contam que várias redes foram furadas por chutes de “Charuto”. Não é lenda, é a mais pura das verdades, dizem velhos torcedores do Cotinguiba. Em um determinado jogo na vizinha Alagoas, “Charuto” marcou três gols, mas o juiz só validou um, porque não sabia se a bola que havia furado a rede tinha entrado por dentro ou por fora, tal era a força do seu chute.Ao invés de balançar as redes, “Charuto” as furava.
O professor Alencar Filho, ex-Reitor da Universidade Federal de Sergipe, escreveu o livro intitulado “Caleidoscópio”, onde relata alguns momentos importantes da vida do jogador, que no seu entender foi, e continuará sendo ídolo e ícone de várias gerações.
A dedicação do jogador ao clube e sua magnifica performance nos anos em que vestiu a camisa do Cotinguiba, lhe valeram uma homenagem única. Ele tem uma estátua em frente a piscina, na sede da agremiação, que dá às boas-vindas aos visitantes e revela que o ambiente é carregado de história. (Pesquisa: Nilo Dias