Linda Brasil convoca população para ato do ‘Movimento Negro’
Por Wênia Bandeira/Agência de Notícias Alese
A deputada Linda Brasil (Psol) subiu à Tribuna da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), nesta quinta-feira (24), para convidar a população para participar de um ato a ser realizado pelo ‘Movimento Negro’ pelo fim da violência racista. O evento ocorrerá a partir das 15 horas, na praça Camerino, no centro de Aracaju.
Os manifestantes exigem do Supremo Tribunal Federal (STF), com base no precedente de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), a proibição das ações policiais com caráter reativo e grandes operações invasivas em comunidades pelo pretexto do combate ao tráfico. Além disso, ainda pedem a criação de uma Lei Federal que exija câmeras em uniformes de agentes armados, com o objetivo de inibir a letalidade tanto para a população como também para os policiais.
Eles pedem também um plano nacional de indenização e apoio a familiares de vítimas do estado; federalização de casos em que a incursão policial caracterize execuções e/ou chacinas e massacres; desmilitarização das polícias; o fim da guerra às drogas e a articulação de incidência nacional em suas diversas agências.
“Convoco toda a população sergipana, as pessoas que lutam contra o extermínio, principalmente jovem da periferia. Para a gente diminuir a violência não é com mais violência e sim com investimento, com combate às desigualdades e às injustiças sociais no nosso país”, afirmou a parlamentar.
As declarações ocorreram durante o pequeno expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa de Sergipe.
Transfobia em jogos
Linda Brasil usou ainda o Grande Expediente da Sessão para falar sobre um anúncio realizado há dez dias pela Federação Internacional de Xadrez sobre a proibição da participação de mulheres trans nos torneios internacionais oficiais nas categorias femininas e a perda de títulos e premiações de homens trans caso tenham passado pelo processo de transição de gênero.
“Essa decisão da Federação é retrograda, transfóbica, que não justifica nem no debate que fazem sobre uma suposta vantagem física de pessoas trans em competições com pessoas cis. Eu sou uma pessoa trans, mas se eu for jogar com uma mulher cis, que sempre treinou habilidade em qualquer esporte, eu não vou ter qualquer vantagem. Eu tomo hormônios femininos e a minha taxa hormonal é igual, as vezes até inferior”, falou.
A parlamentar ainda lembrou que se trata de um crime hediondo, inafiançável e imprescritível. “Em 2019, o STF equiparou a transfobia ao crime de racismo e essa semana à injuria racial. Injuria é xingamento, é desrespeitar, é deslegitimar a nossa identidade gênero, quando as pessoas acabam utilizando de liberdade de expressão e religiosa para nos atacar”.
Ela ainda citou que em alguns jogos é possível ver a diferença física entre jogadores de times distintos. Pelo Brasil, decisões também foram tomadas neste sentido, a exemplo da Assembleia Legislativa do Maranhão, que aprovou uma lei que define o sexo biológico como padrão para as competições.
“Aqui em Sergipe, um certo deputado federal tem promovido transfobia e violência transfóbica. Eu não cito nome porque infelizmente muitos chegaram a ser eleitos por nos atacar e isso, para mim, é muito perverso”, afirmou.
A deputada informou que procurou a polícia para abrir processos judiciais contra estes atos.
Foto: Jadilson Simões/Agência de Notícias Alese