sujeira corre solta pelos canais de Aracaju. Quem mais a despeja?
A sujeira corre solta pelos canais de Aracaju. Quem mais a despeja?
Legenda: Os mangues da capital sergipana estão castigados, todavia resistem…
Jornalista condena péssimo exemplo
de Aracaju com a poluição ambiental
Por volta das onze horas, quando sol se torna muito luminoso e o ar parece saído de um sistema de calefação, o odor insuportável já se espalha por quase toda a cidade de Aracaju, capital de Sergipe. “Os narizes dos aracajuanos parecem tão habituados ao mau-cheiro que até teriam perdido a sensibilidade, e já o sentem como algo naturalizado, que faz parte do dia a dia da cidade”, diz o jornalista Luiz Eduardo Costa.
E o que é pior: já nem reclamam mais. Isso porque há uma espécie de tolerância ou conformismo, que se faz notado nas diversas camadas sociais, desde os moradores que residem naqueles prédios mais valorizados da Orla e redondezas, até a massa humana compacta que se acomoda na periferia, respirando de bem perto o ar pesado que emana dos canais, ou da lama, quando chove, ou as marés grandes avançam.
Segundo ele, a empresa Deso, que lida com o abastecimento de água, o tratamento e canalização dos esgotos, não vem cumprindo à risca a sua verdadeira função. Já o ex-presidente da empresa, o engenheiro Carlos Melo, costumava garantir que a rede de esgotos instalada faz Aracaju surgir numa posição privilegiada entre capitais nordestinas. Se existe a fedentina é porque há um elevado número de esgotos clandestinos contribuindo para isso.
O jornalista destaca que, para explicar a “inhaca de urubu” que cobre a cidade, os esgotos clandestinos por mais numerosos que sejam não provocariam uma monumental podridão. A causa do mau cheiro transbordando, são as estações de tratamento e de bombeamento que não funcionam, ou entram vez por outra em colapso.
Dessa forma, os canais, desde o antigo riacho do Sirí, na Atalaia, ao canal Tramanday e tantos outros, e os rios Poxim, Sal e Sergipe, estariam, todos, recebendo uma portentosa carga de excrementos, dezenas de toneladas, sem tratamento algum. Na Atalaia, nas proximidades do tradicional restaurante O Miguel, e bem na frente da Igreja católica do bairro, há um cano que despeja uma carga diretamente no mangue, e as pessoas desavisadas põem a culpa da putrefação no bioma, que, ao contrário, quando bem tratado, é um indispensável berço para a vida marinha.
Diante de tudo isso, Luiz Eduardo Costa diz que não se pode retirar a responsabilidade da Deso, já que a concessionária do abastecimento de água não se move com a necessária agilidade. Já o jornalista Luiz Eduardo Costa diz que ela “não demonstra nenhuma preocupação com o público ao qual deveria servir com um mínimo de eficiência. Não se pode atribuir a culpa pela degeneração gerencial ao atual dirigente, apesar de ser um neófito em gestão pública, nem mesmo aos demais que estiveram no comando da engrenagem emperrada”.
Já que tratamos de fedentina nos rios, nos canais, nos mangues de Aracaju, e isso significa poluição, meio ambiente degradado, vamos torcer para que seja executado pela PMA um projeto, prometido pelo prefeito Edvaldo Nogueira, de dragagem e despoluição do Poxim. E os mangues cobrindo partes da bacia daquele rio, inclusive em áreas urbanas, serão transformados em parques ecológicos, ou até santuários da natureza.
Se isso vier a acontecer, ressalta, o prefeito Edvaldo Nogueira concluirá o seu mandato deixando para a cidade um “cartão de visita“ que será uma importante referência. Nesse aspecto, seria agora uma excelente oportunidade para a Deso ajustar-se com a Prefeitura e analisar o que de imediato poderá ser feito para que se inicie, paralelamente, um projeto de correção das falhas existentes no sistema de esgotamento, provocando o despejo de toneladas de excrementos, tanto no leito do Poxim como na sua bacia, onde se incluem os extensos manguezais, agora ameaçados de extinção.
Seria, garante finalmente Luiz Eduardo Costa, o começo de uma ação mais abrangente que poderia alcançar toda a cidade, e, finalmente, nos livrar da fedentina que atormenta e envergonha a nossa capital. “O Poxim, limpo, será um cenário perfeito para esportes aquáticos em sintonia com a natureza. Uma Escola ao ar livre para ser utilizada pela rede pública de Educação. Um grande avanço em termos ambientais, que não passará desapercebido ao turismo ecológico, concluiu em texto assinado em seu blog.