Organizador de Motociata nega compra de votos e denuncia abuso policial*
O contabilista Josevaldo Mota, organizador de uma motociata realizada na última quinta-feira, 3, em Aracaju, prestou depoimento à Polícia Federal e negou qualquer envolvimento em compra de votos. O evento, que resultou na condução de cerca de 50 participantes para prestar esclarecimentos, levantou suspeitas após a apreensão de mais de R$ 2 mil durante uma reunião de planejamento de um novo ato, previsto para o dia seguinte.
Em seu depoimento, ao qual o Blog Primeira Mão teve acesso, Mota afirmou que o montante apreendido era composto de R$ 500 de sua própria carteira, enquanto o restante pertencia aos demais presentes, a maioria motoboys que teriam trabalhado durante todo o dia para arrecadar o valor. Segundo ele, não havia qualquer intenção de compra de votos, já que grande parte dos presentes era eleitora do município de Nossa Senhora do Socorro, enquanto a candidatura que supostamente seria favorecida, é de uma candidata de Aracaju, tornando a acusação infundada.
A motociata, que reuniu cerca de 500 motociclistas, conforme estimativas do organizador, teve como ponto de partida o condomínio José Rolemberg Leite, no bairro Bugio, e percorreu diversos bairros da capital, como Santos Dumont, Pau Ferro e Cidade Nova, até finalizar em frente ao 28º Batalhão de Caçadores. O evento, segundo Mota, tinha como objetivo destacar a importância dos motoboys, uma classe que, segundo ele, foi fundamental durante a pandemia e merece maior reconhecimento por parte dos políticos.
Tratamento policial
No entanto, Mota não poupou críticas à ação da Polícia Militar, que, segundo ele, agiu com abuso de autoridade. De acordo com o relato, os policiais chegaram atirando para o alto, causando pânico entre os presentes, e empregaram força desproporcional, incluindo espancamentos e tratamentos degradantes. O filho dele, inclusive, Michael Josevaldo, teria sido agredido com socos e tapas no rosto, e submetido a exame de corpo de delito no dia seguinte.
O organizador destacou ainda que as pessoas conduzidas pela polícia foram colocadas deitadas no chão, empilhadas umas sobre as outras, e posteriormente forçadas a sentar com as mãos para trás enquanto aguardavam a chegada de dois ônibus que os levaram para a sede da Polícia Federal em Sergipe. No trajeto, enfrentaram condições extenuantes, sendo mantidas sentadas no chão dos veículos superlotados, o que prolongou o sofrimento dos detidos até o término dos depoimentos.
O caso levanta questões sobre a abordagem policial e os limites da atuação das forças de segurança em eventos políticos, especialmente quando há suspeitas de abuso de autoridade. A defesa de Mota pretende contestar as acusações e exigir uma investigação sobre as ações da polícia durante a operação.